quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Natal

Nasceu.
Foi numa cama de folhelho,
entre lençóis de estopa suja,
num pardieiro velho.
Trinta horas depois a mãe pegou na enxada
e foi roçar nas bordas dos caminhos
manadas de ervas
para a ovelha triste.
E a criança ficou no pardieiro
só com o fumo negro das paredes
e o crepitar do fogo,
enroscada num cesto vindimeiro,
que não havia berço naquela casa.
E ninguém conta a história do menino
que não teve
nem magos a adorá-lo,
nem vacas a aquecê-lo
mas que há-de ter
muitos Reis da Judeia a persegui-lo;
que não terá coroas de espinhos
mas coroa de baionetas,
postas até ao fundo
do seucorpo.
Ninguém há- de contar a história do menino.
Ninguém lhe vai chamar o Salvador do Mundo.

(Diário de Bordo )
Álvaro Feijó

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

"A música é a minha única religião" dizia Lopes-Graça. No entanto compôs Cantantas de Natal.Fui ouvir a Segunda Cantata de Natal no Museu da Música Regional ,no meu monte.E deliciei-me com a simplicidade dos poemas, a complexidade musical e a harmonia das vozes. É bom usufruir destas ofertas de Natal!

Leonor Lains


QUANDO TUDO ACONTECEU
1906: Nasce a 17 de Dezembro em Tomar, onde inicia os estudos de piano. -1924: Ingressa no Conservatório Nacional de Lisboa. - 1927: É aluno da Classe de Virtuosidade de Viana da Mota. - 1931: Termina o Curso Superior de Composição. É preso e desterrado para Alpiarça. - 1934: Ganha uma bolsa para estudar em França, que lhe é recusada por motivos políticos. -1937: Parte para Paris. Estuda com Koechlin Composição e Orquestração. -1938: A Maison de la Culture de Paris encomenda-lhe uma obra: «La fiévre du temps» (ballet-revue). Harmonizações de canções populares portuguesas. -1940: Ganha o prémio de Composição do Círculo de Cultura Musical com o 1º Concerto para Piano e Orquestra. - 1941: Tomás Borba convida-o para professor na Academia de Amadores de Música. - 1942: Obtém o prémio do Círculo de Cultura Musical com a «História Trágico-Marítima» (poema de Miguel Torga). - 1944: Ganha pela 3ª vez o Prémio de Composição do CCM com a «Sinfonia». - 1945: Faz parte da Comissão Distrital do MUD. - 1949: Faz parte do júri do Concurso Internacional Béla Bartók em Budapeste. - 1952: Novo prémio de composição do Círculo de Cultura Musical com a 3ª Sonata para Piano. - 1961: Edita com Michel Giacometti o 1º volume da Antologia de Música Regional Portuguesa. Início do In Memoriam Béla Bartók (8 suites progressivas para piano) que completa em 1975. - 1969: Rostropovich interpreta o Concerto de Câmara para violoncelo encomendado a Lopes-Graça. - 1973: Início da publicação das «Obras Literárias» (Editora Cosmos) em 18 volumes. - 1974: Assume a presidência da Comissão para a Reforma do Ensino Musical criada pelo Governo Provisório da Revolução de Abril. - 1979: Compõe para grande orquestra, solistas e coro o «Requiem pelas vítimas do fascismo em Portugal». - 1981: Convite do governo húngaro para as Comemorações do Centenário do nascimento de Béla Bartók. - 1993: Audição integral das sonatas e sonatinas para piano (Matosinhos). Homenagem no seu 87º aniversário. - 1994: Morre na noite de 27 Novembro na sua casa na Av. da República, na Parede, junto a Cascais.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Natal à volta dos pratos!

Ó barafunda natalícia! Confundem-se os pratos com embrulhos. As boas festas rodopiam no entrechocar dos talheres. Tilintam os copos à aproximação das renas. Bamboleante chega o pai saturado de ser natal.Saboreia um prato de Chanel, bebe um licor de mon chérie, troca beijos por cds, dá abraços por anéis e parte de novo à procura de um lugar numa mesa onde simplesmente encontre o conforto da harmonia e de uma sã partilha.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Uma peça estranha,díficil de entender enquanto estamos perante ela. Gosto de entrar na vivência da peça, dos actores quando estou sentada no teatro. Desta vez senti-me de fora. Depois à medida que fui pensando nela fui percebendo-a, ( pelo menos para mim) pois parece-me que o fundamental é que ela nos quer dizer isso mesmo -cada qual percebe o que quer da vida e de quem nos rodeia. Todos estamos representando uns para os outros, encenando um papel agora ,outro depois numa ficção em que o real se confunde constantemente de tal modo que já não se sabe onde está ...e se até ele existe. A nossa existência é um contínuo absurdo...é não é?

domingo, 14 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Dormi...e arrependim ...ó galopim!

Se pudesse atirava
as regras à parede.
Depois,retirava pedaços
de uma e de outra
Formava um puzle
e...brincava!
Punha uma de cabeça
para o ar.
outra às cavalitas
e outra aos pinotes.
...e ficava a mirá-las.
Via-as a gozar com
a minha cara;
via-as troçando
do meu olhar...
Depois deixavam-se
deslizar, pegavam na minha mão
e levavam-me para o seu mundo...

De mim pra tim

( numa noite em que o galopim se riu de mim)

Cais das culturas - uma tertúlia!



Mais uma tertúlia cheia de alegria e do conforto de se sentir amizade , cumplicidade e bem estar. Mais uma vez Dulce Matos juntou à sua volta um grande grupo de amigos que se deliciaram com a presença e palavras do Professor Galopim de Carvalho.A juventude do professor tornou mais leve a maioria dos sexagenários que o ouviram. As suas histórias fizeram soar gargalhadas que nos irão acompanhar nestes dias mais próximos.

Um encontro


À porta da Cruz Vermelha trabalha-se... O senhor (?), na sua oficina ambulante, desviou um rápido olhar do seu trabalho para me conceder autorização para esta foto. Depois reiniciou o seu trabalho de afiar facas. O orçamento se o fez , ignoro . Mas, pelo que oiço, inúmeras pessoas lamentam depois da obra feita o seu elevado custo, lembrando-se dos velhos tempos em que por os miseráveis tostões os galegos afiavam ,tesouras, facas e arranjavam chapéus de chuva. Após o custoso pagamento os clientes afiançam que para a próxima vão ao chinês ( os actuais galegos...até ver!)

Uma obra amiga

Ousar! Este vocábulo tem algo de dúbio( ou...) e de arrojado e fluido ( ar...) .Pois ousei...fazer e mais...
Ousei oferecer a uma amiga uma "obra". A ousadia foi ter o desplante de dar a outrem algo de mim, do meu gosto; ( esta ousadia só se desculpa pela amizade verdadeira...) ; coloquei na dita opera a minha sensibilidade ( só a amizade aceita o sentir dos outros); nela apuz a minha inventiva ( que só e´tolerada por quem tem o espírito e o coração aberto). Portanto amiga, quando o teu olhar a encontrar, vê nela um grande coração imerso na profunda espiritualidade daquele espaço.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O dia da mãe...noutros tempos!


Feriado...e dia especial! De manhã um grande beijinho à mãe e um cartãozinho " Querida mãe, neste dia ,quero dizer que gosto muito de ti e prometo portar-me bem e não fazer maldades...." e depois eram os prepartivos para ir para casa dos avós!

Havia festa em casa ,na rua ,na igreja! Á tarde colocavam-se as colchas nas janelas e varandas e esperava-se que a procissão passasse...O avô ou ia a agarrar o pálio ou à frente da banda que acompanhava a procissão...e eu debruçada na janela suspirava por não poder ir de anjinho....

domingo, 7 de dezembro de 2008

No meu monte há mar e mar há ir e voltar!

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Dia de Inverno.

Tenho saudades do inverno. Caminho pelo sossego de uma manhã de domingo. Uma chuva miudinha humedece a minha cara. Dos altos plátanos grossos pingos caem-me ma cabeça.. Os meus passos restolham no brilhante e colorido tapete de folhas. Marginando o passeio flores vermelhas lançam um adeus ao Outono.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Posted by Picasa

Criar ou experimentar?

Se eu inicio algo da qual não tenho qualquer experiência,correndo o risco do falhanço, do desastre,mas também usufruindo de um prazer mesclado de receio pela aventura do desconhecido, eu estou a criar? De certo que sim .Crio dentro de mim a esperança de caminhar pelo desconhecido mas com o objectivo de alcançar um sonho. è o que sinto neste momento. Crio um texto, buscando no meu espírito as palavras que espelham as melhores imagens que concretizem a minha suposta criação....

domingo, 23 de novembro de 2008

O meu Monte

O meu Monte

O meu Monte é mais extenso que todos os montes alentejanos juntos... Este meu monte não cabe em qualquer espaço que o queiram colocar!É um monte ilimitado, mas que permanece encerrado! Espanto? Como pode tal acontecer? Adivinharam não? Pois ele está tão perto de mim...Tão perto e tão dentro que muitas vezes doi. Oh monte das recordações! Oh monte da infância ,da ternura ,da saudade! Tem nome este Monte? Tão cheio ,tão pleno este meu monte transformou-se na montanha das ilusões.... e por ela vou caminhando e nela ficarei um dia tornando um pouco mais elevado este meu Monte!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

FIM DE SEMANA NO ALGARVE

Juntos os amigos usufruiram o mar e as ondas!