Nasceu.
Foi numa cama de folhelho,
entre lençóis de estopa suja,
num pardieiro velho.
Trinta horas depois a mãe pegou na enxada
e foi roçar nas bordas dos caminhos
manadas de ervas
para a ovelha triste.
E a criança ficou no pardieiro
só com o fumo negro das paredes
e o crepitar do fogo,
enroscada num cesto vindimeiro,
que não havia berço naquela casa.
E ninguém conta a história do menino
que não teve
nem magos a adorá-lo,
nem vacas a aquecê-lo
mas que há-de ter
muitos Reis da Judeia a persegui-lo;
que não terá coroas de espinhos
mas coroa de baionetas,
postas até ao fundo
do seucorpo.
Ninguém há- de contar a história do menino.
Ninguém lhe vai chamar o Salvador do Mundo.
(Diário de Bordo )
Álvaro Feijó
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4 comentários:
POis! Até fica um nó na garganta!
:))
São os meninos desvalidos deste e doutro mundo...
Os anónimos....
abracinho
Mas dará certamente um contributo tão importante quanto anónimo...
Pendurei o "Montedavirita" na lapela do "Cantigueiro há 20 segundos.
Abreijos
Um ano bommmm
:))
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